domingo, 9 de março de 2014

333 – O Projeto

 O que é?

Idealizado pela americana Courtney Carver (IG: @bemorewithless - FB: www.facebook.com/Project333), o projeto pretende ensinar às pessoas a viver com menos, começando pelo seu guarda-roupa. Além da proposta de se consumir menos, o projeto mostra como ganhamos mais tempo, energia e espaço mental quando simplificamos nossa vida.
De acordo com Courtney, 33 itens - incluindo roupas e calçados - seriam suficientes para viver bem durante uma estação (3 meses). Não entrariam nesta conta roupa de baixo, pijamas e roupas de ginástica. Jóias, bijuterias e acessórios de uso diário também podem ser mantidos fora deste número. Além das 33 peças que vão fazer parte de cada ciclo, o projeto sugere a incorporação de 3 ‘peças bônus’: itens que podem ser incorporados extraordinariamente de acordo com um evento específico ou uma emergência ‘fashion’. Depois de 3 meses, escolhemos outros 33 itens e assim acontecem os ciclos.
Ao final de um ano, ou 4 ciclos, pretende-se chegar a uma noção mais realista do que de fato precisaríamos ter no guarda-roupa e então pode-se doar, reciclar, vender o que não foi usado após este período.

O que faço com o resto?
Após selecionar seus 33 itens para seu primeiro ciclo (aconselha-se começar por suas roupas preferidas!), as demais peças deverão ser empacotadas, embaladas, separadas de alguma forma daquelas eleitas para o Projeto. Eu separei uma porta de armário pro meu ciclo onde organizei minha seleção e deixei as demais fechadas e esquecidas.


É pra mim?
Conversando com algumas pessoas (amigos, sobretudo) percebi que existem pessoas no mundo que não POSSUEM 33 itens no seu guarda-roupa. PARABÉNS!!! Outras dispõem de ajuda em casa pra lavar, pendurar, passar e guardar, então talvez as motivações sejam  diferentes.
Entretanto, pensando em quanto se gasta de dinheiro, tempo e energia, sempre encontramos outras áreas da vida também mereçam este olhar sustentável, já parou pra pensar?

É pra mim!
Decidi otimizar meu guarda roupa depois de perceber como estava sendo desgastante a rotina de lidar com tanta coisa. As roupas usadas se acumulavam pra lavar, as limpas passavam semanas no varal, depois era uma jornada longa ate serem guardadas e o mais incrível era que em nenhum momento eu senti falta delas! Ao mesmo tempo que dezenas de itens se acumulavam nesse ‘trâmite-lavanderia’, outras tantas continuavam sendo usadas, gerando um ciclo maluco de acúmulo que eu não conseguia solucionar.

Parece juros de cartão de crédito, né?
É claro que um guarda-roupa abarrotado veio de algum lugar. Resumindo a história, gastei mais do que devia no crédito e o resultado foram faturas e mais faturas a pagar (cartão cancelado e dívida renegociada – ufa!) e obviamente a necessidade de algum lugar (bem grande!) pra guardar tanta coisa linda (afinal eu gastei, mas gastei BEM!).
Junto com isto, algumas mudanças importantes na minha rotina me fizeram perder uns quilos extras e com o tempo eu acabei adquirindo mais roupas ainda que me coubessem bem neste novo tamanho.
Como cinco portas de armário não estavam sendo suficientes, percebi que era hora de simplificar.


sábado, 1 de março de 2014

Projeto 333 – Prólogo



                Há cinco anos me mudei das casas dos meus pais. Assim mesmo, no plural. Durante 22 anos me dividi entre dois lares amorosos e aconchegantes, e durante 22 anos multipliquei objetos, sapatos e peças de roupa. Carol Caracol então não precisava mais carregar sua mochilinha pra todo lado nem decidir de antemão onde iria dormir naquela noite. E agora, casados, temos que aprender a administrar uma casa em que o lixo não desaparece da lixeira, a louça não se lava sozinha e principalmente, as roupas não voam limpinhas e passadas pra dentro dos nossos guarda-roupas.


                Agradeço todos os dias por ter ao meu lado um homem independente que faz a própria comida e lava a própria roupa. Cultivamos então há cinco anos o gosto e o orgulho de fazer tudo o que sabemos dentro de casa e, caso não saibamos, procuramos aprender. Foi memorável nosso primeiro encontro com a máquina de lavar, face-to-face, um embate titânico homem/mulher e máquina. Olhávamos pra aquilo cúmplices numa inabilidade – dentre tantas outras – que o modelo brasileiro “Casa Grande/Senzala”  nos tinha trazido desde sempre.
                 Digo isto por que a grande maioria d
e nós não sabe mesmo fazer muita coisa em se tratando de casa, e o pior: espera-se que a mulher continue resolvendo as questões domésticas de um marido que nunca passou uma camisa (bem ou mal). Algumas amigas me perguntam se meu marido ‘ajuda’ em casa e eu respondo de volta: “Oi?”. Logo após o casamento, em geral herda-se algum tipo de ajuda doméstica. Mas aqui em casa a gente decidiu assumir o trampo sozinhos.



                E isto tem um preço, é claro.


                Máquina de lavar dominada (me encanta tamanha tecnologia: modo amaciante, função delicada, molho profundo, mini-carga...quantas possibilidades!) acabei percebendo a duras penas que não havia como viver sendo dona de sua própria bucha e sabão sem modificar as estruturas nas quais fui educada.
                Uma  querida amiga australiana, expert em cuidar da própria rotina, me deu uma vez um precioso e fatal conselho: “Vocês brasileiros ganhariam muito tempo na vida se relativizassem sua noção de limpeza e sujeira.” Incrível como a partir daí comecei a reparar como somos obcecados com esfregar, desinfetar, espanar, torcer, raspar, molhar, ensaboar... Ah, claro, desde que ‘alguém’ o faça pra gente.

                No último Janeiro abrimos maleiros e armários e reavaliamos o que de fato era necessário ter em casa. Presentes de casamento nunca usados, bugigangas que aparentemente fariam o maior sucesso na “vida-de-casada-que-eu-achava-que-teria”. Porque isto também herdamos: o ideal da profissional bem-sucedida E dona de casa que vai receber os amigos em festas incríveis com mil pratos e taças de cristais (porque alguém vai lavar depois, é óbvio).



                Após cinco anos você já sabe mais ou menos bem o que cabe na sua rotina e no seu apartamento, e a necessidade de se adotar um estilo de vida mais prático começa a gritar todos os dias na sua orelha. (Continua...)